Vinte anos se passaram desde que uma insônia deixou o Pauleira acordado, lá no Japão, com Quem me vê sorrindo, de Cartola, martelando na cabeça, fazendo com que ele decidisse misturar samba e vocal. Na volta, convocou o também instrumentista e arranjador Muri Costa e as cantoras Eveline Hecker, Soraya Ravenle e Rita Peixoto, nesta ordem, para formar o Arranco de Varsóvia. Prepararam e ensaiaram os primeiros oito arranjos e foram logo mostrar pra Beth Carvalho, que abençoou tudo e virou dinda imediata, aproveitando para indicar pérolas de repertório que colheu com seu faro fino. O Arranco estreou em disco em 1997, com Quem é de sambar, logo seguido pelo Samba de Cartola, que ganhou prêmio d’O Globo de melhor disco do ano de 1998.
Em 2001, o time feminino foi substituído por Andrea Dutra, Elisa Queirós e Cacala Carvalho, escolhidas entre 80 candidatas. Com a nova formação, o Arranco entrou em estúdio para gravar Na cadência do samba, que misturou duas inéditas de Dorival Caymmi, pérolas do pagode de Arlindo Cruz e Pixinguinha. Com o disco, o Arranco ganhou o Premio da Música Brasileira de 2006 de Melhor Grupo de Samba.
Em 2010, o Arranco inaugura a parceria com Carlos Mills e sua Mills Records e, junto com o Canal Brasil, lançam o combo CD/DVD Pãozinho de Açúcar – Arranco de Varsóvia canta Martinho da Vila, gravado ao vivo no Teatro FECAP, em São Paulo, com a participação do Martinho e do Nelson Sargento, velho amigo do conjunto. Logo após o lançamento do Pãozinho, Muri Costa saiu do conjunto, que decidiu permanecer quarteto.
Nessa nova fase, o Arranco começou a paquerar outras vertentes do samba, misturando linguagens e elementos de outras praias sonoras. O resultado do namoro pode ser degustado no CD Na Panela Pra Dançar, lançado em 2014, pela Mills Records, com músicas de Lenine, Egberto Gismonti, Sérgio Santos e inéditas do Pauleira, que agora assume todos os arranjos.
Nesses 20 anos, muita coisa se transformou. Mas há exatos 14 anos o grupo se reúne, impreterivelmente, toda segunda-feira à noite, para ensaiar, ouvir música, conversar, chorar mágoas, tomar cafezinho, planejar, contar piadas e manter acesa a chama a amizade e desse raro e feliz casamento que continua cheio de samba e amor pra dar e vender, por muitos e muitos anos.